As eleições trarão novidades em relação as urnas eletrônicas. Um novo modelo será usado nos pleitos. Você sabe quais tecnologias estão por trás das urnas eletrônicas?

Nos últimos tempos fomos tomados pelo debate sobre a segurança das urnas eletrônicas e de todo o processo que envolve a votação, transmissão e recepção dos votos. Neste artigo vamos mergulhar nas entranhas do processo e entender como funcionam suas engrenagens.

A urna eletrônica é um microcomputador de uso especifico para as eleições. As características principais do novo modelo UE2022 é o processador mais rápido, bateria que não precisa de troca e tela sensível ao toque. É composta pelo terminal do mesário, onde é feita a identificação do eleitor e pelo terminal principal onde são registrados numericamente os votos.

urna eletrônica modelo UE2020
Modelo UE2020

A empresa responsável pela produção dos novos equipamentos é a Positivo Tecnologia, que forneceu 225 mil urnas para o pleito de 2022.

O hardware da urna eletrônica

O modelo UE2022 foi usada nas eleições de 2022 e possui as seguintes especificações:

  • Processador System on a Chip (SOC) 18 vezes mais rápido que o da urna eletrônica de 2015;
  • Bateria do tipo Lítio Ferro-Fosfato com expectativa de vida igual ao da urna.

Já modelo UE2015 (usada nas últimas eleições) possui as seguintes especificações:

  • Processador Intel ATOM Z510P de 1.10 GHz;
  • A memória é de 512 MB DDR2 SDRAM SO-DIMM de 200 vias, expansível até 2GB;
  • Placa de vídeo VGA com saída para LVDS;
  • Monitor LCD TFT de 10,1 polegadas, 17:10 com resolução máxima de 1280×800 pixels WXVGA.

A urna possui um hardware criptográfico que confere identidade individual às máquinas e executa apenas códigos de programas assinados pela Justiça Eleitoral.

por dentro da urna eletrônica
Placa exposta da urna eletrônica modelo UE2009

Durante a votação, a urna grava os dados em cartões de memória flash interno e outro externo para garantir redundância. Após a votação, um pendrive especial é conectado a porta USB da urna para gravação e posterior transmissão dos dados.

A segurança da urna eletrônica

Segundo Giuseppe Janino, ex-secretário de TI do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o equipamento não possui ligação com nenhum dispositivo de rede, Internet ou bluetooth. Para hackeá-lo seria necessário estar com o equipamento em mãos e quebrar mais de 30 barreiras físicas e lógicas manualmente.

Disse também que as urnas eletrônicas são submetidas a testes de intrusão para verificar possíveis falhas de segurança.

Os testes são abertos um ano antes das eleições e os interessados devem se inscrever. Os hackers recebem informações privilegiadas sobre os códigos-fonte e como funcionam. Alguns dispositivos de segurança dos equipamentos são desativados para facilitar os testes. Após o processo, os resultados são recebidos e correções de segurança são lançados.

O software embarcado

O sistema operacional utilizado é uma versão customizada do Linux, o Uenix. O Uenix traz alterações para melhorar a segurança e os drivers e aplicativos desenvolvidos são proprietários.

Segundo o TSE a opção pelo novo SO se deve a diminuição de defeitos nas urnas, redução de custos e mais transparência e credibilidade ao processo, já que o Linux é de código aberto e de livre auditoria.

Os códigos-fonte das urnas são escritas na linguagem C/C++ e desenvolvidos pela equipe técnica do TSE. São lacrados digitalmente com uma assinatura digital que permite identificar qualquer tipo de adulteração que porventura possa sofrer.

Para os testes e fiscalizações dos códigos são disponibilizadas as ferramentas Understanding C e Source Navigator.

A transmissão dos votos

Após a apuração dos votos a transmissão dos dados (boletim de urna) é feita através de uma rede de transmissão de dados criptografados (VPN) para a rede privada da Justiça Eleitoral. Cada urna possui um certificado digital.

As informações são enviadas apenas ao TRE-DF para portas de comunicação específicas. Os pacotes de informações que saem das urnas são criptografadas e, chegando no TRE-DF, outra camada de criptografia é aplicada.

Por meio de um checklist são conferidas a integridade de todos os itens, dentre eles a decifração do arquivo (decriptação) e a verificação da assinatura digital. Se tudo estiver correto, significa que ele foi gerado pela urna eletrônica que foi preparada para aquela seção eleitoral.

Após as validações o boletim de urna é decifrado, sendo realizadas outras verificações. Se for encontrado alguma divergência, o boletim é automaticamente descartado. Por fim, o resultado é totalizado com os demais e fica disponível na internet para acesso público através do site do TSE.

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Sobre o Autor

Benedito Silva Júnior
Benedito Silva Júnior

Bacharel em Sistemas de Informação pelo Instituto Paulista de Pesquisa e Ensino IPEP. Apaixonado por tecnologias e games do tempo da vovó!

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